Kits com luz terapêutica ajudam moradores de ilhas da Escócia a amenizar os efeitos do inverno na saúde mental

Segundo Sue House, bibliotecária assistente da Biblioteca de Orkney, os kits já se mostraram populares. “Com apenas seis horas de luz natural no inverno, há uma consciência crescente de que existem coisas muito positivas que você pode fazer por si mesmo”, disse ela, que gosta especialmente da moldura para o céu que vem no kit. “Você a segura em direção às nuvens e ela ajuda a focar na luz que está disponível”.

Embora as Ilhas Orkney desfrutem de longos períodos de luz durante o verão, o inverno traz um clima cinzento, úmido e desanimador. “É aquela sensação de ser envolvido pela escuridão, especialmente quando a chuva bate na janela. Você não tem vontade de sair, e isso realmente derruba o seu humor”, disse ao The Guardian, Erika Copland, profissional de articulação comunitária que trabalha com os clínicos gerais de Orkney. No dia da entrevista, por exemplo, o pôr do sol estava previsto para as 15h30.

Há uma lista de espera para as caixas, que também estão disponíveis em áreas mais remotas por meio da van da biblioteca itinerante, conhecida localmente como Booky McBookface. “Em Orkney, as coisas funcionam muito no boca a boca, então esperamos que mais pessoas fiquem sabendo e consigam lidar melhor com o inverno”, diz Copland.

O desenvolvimento das Wintering Well Boxes faz parte de um projeto de pesquisa financiado pela UKRI, Living with Sad, liderado pela professora Hester Parr, da Universidade de Glasgow. Ele dá sequência a um projeto-piloto realizado no ano passado em bibliotecas de East Dunbartonshire, mais ao sul.

As pessoas disseram conseguir começar melhor o dia graças ao kit, e mais da metade mudou a rotina diária para incluir caminhadas e passou a prestar mais atenção às mudanças sazonais na natureza e no céu. Funcionários também notaram que os usuários do Wintering Well se empolgaram com outros serviços da biblioteca.

Segundo Parr, o TAS é uma condição historicamente contestada. Ele ganhou sua própria categoria diagnóstica em 1987, que mais tarde foi retirada, permanecendo o debate crítico sobre se o transtorno existe de forma independente ou como um subtipo da depressão.

Ainda assim, diz ela, há um claro reconhecimento social de como a luz do inverno afeta as pessoas. “O público entende perfeitamente essa experiência e reconhece o que ela significa: que todos nós, obviamente, somos afetados pela luz.”

“Em países escandinavos, as pessoas tendem a ter atitudes diferentes em relação ao inverno porque precisaram tê-las, abraçando a luz do inverno e a relação com a estação.”

Parr gostaria de ver essas caixas de luz em todas as bibliotecas públicas, dado o papel importante que esses espaços podem desempenhar como polos de saúde e bem-estar, especialmente em áreas rurais.