A CNT (Confederação Nacional do Transporte) divulgou nesta 4ª feira (17.dez.2025) que a qualidade das rodovias brasileiras melhorou no último ano. Do total de 216.976 quilômetros de rodovias pavimentadas no país, a pesquisa avaliou 114.197 quilômetros, o equivalente a 52,6% da malha. Desse universo, 37,9% (43.301 km) estão em condições ótimas ou boas, um aumento de 4,9 pontos percentuais em relação a 2024. Eis a íntegra da Pesquisa CNT de Rodovias 2025 (PDF – 47 MB).
Apesar da melhora, 62,1% da malha analisada ainda apresenta condições regulares, ruins ou péssimas, cenário que continua a pressionar os custos logísticos e a elevar os riscos para os usuários das estradas.
A porcentagem de trechos classificados como ruins ou péssimos caiu de 26,6% para 19,1% (21.804 km). A categoria regular permaneceu relativamente estável, concentrando 43% (49.092 km) da malha.
Segundo a CNT, os avanços observados em 2025 estão associados à retomada gradual dos investimentos em infraestrutura e à ampliação da malha concedida à iniciativa privada.
A avaliação considera as condições do pavimento, da sinalização e da geometria das vias (traçado da estrada, incluindo curvas, inclinações, largura das faixas e existência de acostamentos).
O resultado final combina esses fatores ao identificar e penalizar pontos críticos, como curvas acentuadas, falta de acostamento e falhas estruturais em pontes e viadutos.
Uma parcela relevante das rodovias segue com problemas como buracos, trincas, ondulações e remendos mal executados, especialmente na malha sob gestão pública. Esses defeitos comprometem o conforto ao rolamento, elevam o consumo de combustível e aumentam o desgaste dos veículos, além de contribuírem para a ocorrência de acidentes.
Nas rodovias concedidas, o pavimento apresenta desempenho superior, refletindo maior frequência de manutenção e investimentos contínuos.
A pesquisa mostra falhas recorrentes tanto na sinalização horizontal quanto na vertical, com destaque para faixas apagadas ou inexistentes e placas com problemas de visibilidade, legibilidade ou posicionamento inadequado.
Essas deficiências reduzem a capacidade de orientação dos motoristas e ampliam os riscos de acidentes, sobretudo em trechos urbanos, interseções e segmentos com curvas e declives acentuados.
Assim como no pavimento, o desempenho das rodovias concedidas é melhor do que o observado na malha pública.
Entre os principais problemas estão a ausência ou a má qualidade dos acostamentos, a falta de faixas adicionais em trechos de subida, curvas perigosas sem sinalização adequada e deficiências em pontes e viadutos.
Esses fatores reduzem a margem de segurança do usuário e agravam as consequências de erros humanos.
A pesquisa mostra que, onde há concessão, os padrões geométricos tendem a ser mais adequados, com menor incidência de pontos críticos.
Em 2025, a pesquisa avaliou 30.130 km de rodovias concedidas, o equivalente a 26,4% da extensão total analisada. Nessas vias, os padrões de conservação, sinalização e geometria são, em média, superiores aos observados na malha administrada diretamente pelo poder público.
De acordo com a pesquisa, a extensão de trechos classificados como ruins ou péssimos sob gestão privada caiu 61,6% em um ano, passando de 1.609 km em 2024 para 618 km em 2025.
O desempenho contrasta com o da malha pública. Embora também tenha havido melhora, a redução de trechos ruins foi menor: 23,3%, saindo de 21.630 km para 16.594 km. Ainda assim, 64,4% das rodovias públicas avaliadas apresentam algum tipo de problema no pavimento.
“As concessões realizadas em 2025 foram decisivas para melhorar a qualidade das rodovias brasileiras. Elas trouxeram investimentos em manutenção e modernização, aumentando a segurança e o conforto dos usuários. Esse modelo complementa os esforços do poder público e garante vias melhores para o desenvolvimento do país”, disse , presidente da CNT.
A precariedade das rodovias brasileiras continua a pressionar o custo do transporte rodoviário e a competitividade da economia. Segundo a CNT, a qualidade do pavimento eleva, em média, em 31,2% os custos operacionais do transporte no país.
O impacto é mais severo nas rodovias sob gestão pública, onde o aumento médio de custos pode chegar a 35,8%. Já nas rodovias concedidas, o impacto é menor: 18,4% em relação a um pavimento considerado ótimo.
A CNT estima que a má qualidade das estradas resulte em um consumo adicional de 1,2 bilhão de litros de diesel por ano, o que representa um desperdício financeiro de cerca de R$ 7,2 bilhões.
Segundo a entidade, esse valor seria suficiente para financiar políticas de transição energética no transporte, como a renovação de frota, aquisição de caminhões elétricos ou o estímulo a combustíveis renováveis.
“A aplicação do montante adicional estimado de R$ 7,2 bilhões na aquisição de caminhões mais novos da fase P-8 poderia resultar na inclusão de 7.023 unidades de caminhões à frota nacional, promovendo o uso de tecnologias mais limpas. Em 2024, aproximadamente 300 mil caminhões e 25 mil ônibus em circulação no Brasil apresentavam idade média superior a 20 anos46. Esses veículos são classificados como da fase P-4 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) e têm limites de emissões de material particulado que alcançam níveis 15 vezes maiores em comparação à fase mais recente”, diz a CNT.
Além do combustível, entram na conta o maior desgaste de veículos, o aumento do tempo de viagem e a elevação do risco de acidentes, fatores que encarecem o frete e se refletem nos preços ao consumidor final.
Entre 2016 e julho de 2025, foram registrados 697.435 acidentes nas rodovias federais monitoradas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).
O custo econômico desses sinistros é estimado em R$ 149,6 bilhões. O valor inclui despesas com atendimento de emergência, danos a veículos, perdas de carga, interrupções no tráfego e impactos sociais, como afastamentos do trabalho e invalidez permanente.
Segundo a CNT, embora apenas uma parcela dos acidentes seja atribuída diretamente a falhas na infraestrutura, muitos sinistros causados por erro humano poderiam ter consequências menos graves caso as rodovias contassem com melhores condições de pavimento, sinalização adequada e dispositivos de segurança, como defensas e acostamentos em boas condições.

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