Os preços do petróleo avançam mais de 2% na manhã desta quarta-feira (17) após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decretar o bloqueio de todos os petroleiros sancionados que entram e saem de portos da Venezuela.
Por volta das 10h30 (horário de Brasília), o barril do Brent, referência no mercado global, era cotado a US$ 59,97, alta de 1,78%. Já o West Texas Intermediate (WTI), negociado nos Estados Unidos, subia 1,87%, a US$ 56,16 o barril.
Na sessão anterior, os preços haviam fechado próximos aos menores níveis dos últimos cinco anos, pressionados pelo avanço das negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. Um eventual acordo poderia aliviar sanções ocidentais contra Moscou e ampliar a oferta global de petróleo, em um cenário de demanda ainda considerada frágil.
A alta do petróleo também é sustentada pela forte queda nos estoques americanos. Segundo dados divulgados pelo American Petroleum Institute (API), os estoques de petróleo bruto dos Estados Unidos caíram 9,3 milhões de barris na semana passada.
Segundo a Capital Economics, a decisão dos Estados Unidos de impor um bloqueio ao petróleo sancionado da Venezuela “cristaliza um risco-chave” que vinha pairando sobre o mercado global, mas o impacto altista sobre os preços do petróleo tende a ser limitado.
Ainda que houvesse uma interrupção total das exportações venezuelanas “ainda seria compatível com um grande superávit no mercado global de petróleo no próximo ano”, afirma a consultoria.
Nesta terça-feira (16), Trump determinou o bloqueio de todos os navios petroleiros sancionados que operam em portos venezuelanos e anunciou também a designação do governo do país como uma “organização terrorista internacional”.
Em publicação na rede Truth Social, o presidente afirmou que a Venezuela está “completamente cercada pela maior armada já reunida na história da América do Sul” e declarou que o cerco tende a crescer.
Segundo ele, “o choque para eles será algo sem precedentes, até que devolvam aos Estados Unidos da América todo o petróleo, terras e outros bens que nos roubaram”.
Os comentários ocorreram uma semana depois de forças dos Estados Unidos apreenderem um petroleiro sancionado na costa venezuelana.
De acordo com informações do site americano Axios, o governo dos Estados Unidos monitora ao menos 18 navios carregados com petróleo venezuelano. As embarcações, que estão sujeitas a sanções, permanecem estacionadas na costa do país.
Segundo o site, a intenção de Washington é apreender esses navios assim que entrarem em águas internacionais. O governo americano também avalia expandir a lista de embarcações incluídas nas sanções do Office of Foreign Assets Control (Ofac), órgão ligado ao Departamento do Tesouro.
O governo venezuelano acusou os Estados Unidos de cometer “pirataria” e um “roubo flagrante” de seus recursos naturais após a apreensão, na semana passada, do navio Skipper.
Nos últimos meses, os EUA enviaram navios de guerra para a região. Inicialmente, a Casa Branca afirmou que a operação tinha como objetivo o combate ao tráfico internacional de drogas.
Em um evento realizado na noite de terça-feira, antes do anúncio oficial do bloqueio, foi informado que a campanha do presidente incluiu o reforço da presença militar e mais de duas dezenas de ataques contra embarcações no Oceano Pacífico e no Mar do Caribe, nas proximidades da Venezuela. Esses ataques teriam provocado ao menos 90 mortes.
Trump também afirmou que ataques terrestres dos Estados Unidos contra o país sul-americano começarão em breve.
No curto prazo, a consultoria avalia que a queda das exportações reduziria uma importante fonte de entrada de divisas.
Já no médio prazo, o impacto dependerá da evolução das tensões com os Estados Unidos, com riscos que incluem desde um confronto militar até uma eventual mudança de governo, cenário que poderia permitir uma reconstrução econômica, ainda que gradual e com custos elevados.
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A possibilidade de novas restrições pode elevar ainda mais as tensões geopolíticas e pressionar os preços do petróleo e das commodities metálicas.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou, em comunicado divulgado pela agência estatal TASS, que as tensões em torno da Venezuela podem ter consequências imprevisíveis para todo o Ocidente.
Em conversa telefônica na semana passada com o presidente venezuelano Nicolás Maduro, Putin assegurou apoio ao governo de Caracas diante da crescente escalada das tensões com os Estados Unidos.
Maduro afirma que os EUA têm como objetivo derrubá-lo e assumir o controle dos recursos petrolíferos da Venezuela, país membro da Opep, que detém as maiores reservas de petróleo bruto do mundo.
Embora muitas embarcações que transportam petróleo da Venezuela estejam sancionadas, outras que carregam petróleo bruto do Irã e da Rússia não são alvo das mesmas restrições.
Navios fretados pela Chevron continuam transportando petróleo venezuelano para os Estados Unidos com autorização concedida por Washington.
Atualmente, a China é a maior compradora de petróleo bruto da Venezuela, respondendo por cerca de 4% das importações chinesas do produto.
A Capital Economics considera que o país asiático, um dos principais compradores do petróleo venezuelano, pode amortecer o impacto global, dado o papel do país na formação de estoques estratégicos.
No mesmo movimento do petróleo, o ouro se aproxima de renovar seu patamar histórico, refletindo o aumento das tensões geopolíticas.
Nesta manhã, o metal era negociado acima de US$ 4.330 por onça troy, aproximando-se do recorde de US$ 4.381 registrado em outubro.
Outros metais preciosos também avançam: a prata atingiu um recorde acima de US$ 66 a onça, enquanto a platina alcançou o maior nível desde 2008.
Quem tem informação, lucra mais! Receba as melhores oportunidades de investimento direto no seu WhatsApp.Apesar da reação inicial dos preços do petróleo, a Capital Economics avalia que o impacto tende a ser limitado, já que a produção da Venezuela é relativamente baixa após anos de queda.
O país produz cerca de 1 milhão de barris por dia, o equivalente a 0,9% da produção global, e exporta aproximadamente 500 mil barris diários fora dos Estados Unidos.
Para 2026, o cenário-base da consultoria projeta um superávit de 3 milhões de barris por dia no mercado global. Além disso, apesar dos riscos altistas maiores, “a interrupção contínua do setor petrolífero da Venezuela ainda pode ser compatível com a queda dos preços do petróleo em 2026”.
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